terça-feira, 21 de dezembro de 2010

O DirEito Ao enVeLheciMEnto

     Não, não vou falar do direito à saúde, à alimentação, à aposentadoria, à moradia das pessoas velhas (você gostaria que eu usasse a expressão terceira idade? That's not gonna happen, babe!). Quero falar do direito a envelhecer. Sim, você leu certo, é esse o verbo, envelhecer, ficar velho.
     Opa! Também não estou tratando do envelhecimento físico, até porque este pode ser retardado, mas não evitado. Aliás, não vejo problema algum em cuidar-se fisicamente, em manter-se "em forma".  Que isso fique claro. Contudo, não é esse o caminho que quero trilhar neste momento.
     O que me proponho é questionar as informações e interpretações incorretas e distanciadas do significado e sentido do envelhecimento. Por isso, defendo a ideia de que precisamos entender o envelhecimento como um lugar de possibilidades outras que não o da juventude, lugar assimétrico, lugar diferente, lugar de outra estética e, por isso mesmo, lugar de beleza. Defendo o envelhecimento não como um enfeiamento, mas como um ser/estar assumido em alma, em conhecimento, em experiências que certamente poderiam ser aproveitadas também.
      Para tanto, precisamos modificar nossa visão de estética e de vida, precisamos transformar o lugar de juventude e de velhice para além da ideia de oposição.
      Cansei da ideia do velho que não sabe, que não tem mais experiência, que vive para exaltar a juventude. Luiz Felipe Pondé, em seus ensaios do afeto, diz que quando um pai ou uma mãe quer ser como o filho ou filha, ele ou ela nega o futuro para sua prole porque demonstra, na sua ridícula esperança de eterna juventude, que não vale a pena viver.
      Os limites fisiológicos ficam claros com o passar dos anos e não é opcional, do pó ao pó iremos; já os limites do envelhecimento sem significado é  uma escolha que nos faz mentir sobre nós mesmos.
      Envelhecer é destino humano. Envelhecer com sentido pode fazer sentido.

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